Coluna Velocidade e Batom: "365 dias depois" by Ludy

Spa, Eau Rouge e Kimi, um caso de amor
Coluna Velocidade e Batom: "365 dias depois" by Ludy

O tempo. Só o tempo é capaz de fazer com que a gente aceite, repense e principalmente aprenda. Hoje, 29 de novembro de 2012, exatos 365 dias depois do anúncio do retorno de Kimi Räikkönen à F1, estou aqui para escrever sobre o que eu vivi neste ano. E sim, hoje, posso finalmente me juntar aos fãs do Iceman que ficaram felizes com seu retorno desde o primeiro dia. 

Naquele 29 de novembro de 2011 escrevi este texto, e destaco a última frase, porque é a partir dela que quero falar... "Aos fãs que estão surtando de felicidade com a volta de Kimi, espero poder me unir a vocês em breve. Só me desculpem por não compartilhar desta felicidade plena hoje. Por enquanto, vou ficar quietinha na minha, torcendo para que tudo dê certo para Räikkönen (como sempre fiz) e que ele seja feliz de volta para a casa, as pistas de F1, em especial, Spa-Francorchamps! #thekingofSpaisback"

Desde o dia em que os rumores da volta de Kimi começaram a ficar realmente fortes, eu não queria acreditar. Como falei em alguns textos que escrevi sobre o assunto, não queria sair da minha zona de conforto do WRC e voltar à F1 para sofrer novamente. Não queria e se me perguntassem isto hoje novamente, diria a mesma coisa, porque o que vejo agora é apenas temporário, as críticas virão, sempre, e serão crueis, sempre. A diferença é que hoje, depois de ter visto o que aconteceu na temporada, me sinto mais preparada para enfrentar tudo isto, emocionalmente falando. 

O retorno de Räikkönen à F1 foi perfeito, eu diria. Teve os momentos de dificuldade, adaptação, conquistas, alegrias, certos questionamentos, mas o mais importante para mim foi o reconhecimento, a confirmação para os outros (aqueles que jogaram as pedras em 2008 e 2009) do talento que nós, os fãs do Iceman, sempre soubemos que era poderoso no finlandês. 

Vimos Kimi usar o máximo de suas habilidades com um carro que não era um primor de competitividade, mas que na medida do possível (e esta parte devo à luta constante da Lotus para melhorar o E20) deu ao Iceman a chance de batalhar, de brigar, de mostrar o seu talento. 

O Kimi que eu vi nesta temporada de 2012 foi perfeito. É claro que ele teve falhas (suas qualificações ainda não estão perfeitas), mas isto é o de menos. Dois anos da F1 não lhe fizeram a menor diferença. Eu acho, aliás, que esta serenidade que permitiu ao Iceman terminar todas as 20 corridas da temporada, sendo 19 delas na zona de pontuação e ainda 7 pódios (sendo um deles a tão esperada e sonhada vitória) lapidou-se nos dois anos de WRC. 

Quem acompanhou a carreira do Iceman no mundial de rali como eu vai entender perfeitamente minha comparação. A paciência definitivamente foi a virtude mais exercida pelo piloto nórdico na sua época de rali. A serenidade para terminar as etapas, mesmo quando acidentes aconteciam. Tudo isto fortaleceu Kimi como piloto, deu a ele a força necessária para este ano, na F1, fazer esta temporada incrível. 

A forma como Kimi pilotou durante todo o ano (no começo quando o carro da Lotus ainda era forte e competitivo) e principalmente depois das férias da categoria, quando o E20 começou a deixar a desejar e o piloto teve que usar mais do que nunca o seu talento para carregar o seu time nas costas, mostra como este piloto que um dia acusaram de não ser líder, não inspirar sua equipe, de não ser comprometido e profissional, foi simplesmente mágico. 

A temporada de 2012 calou a boca dos críticos (por enquanto), serviu mesmo para mostrar ao mundo que Kimi Räikkönen é um dos melhores pilotos da F1, que eles erraram em julgá-lo, em verem somente o que lhes era dado, sem tentar analisar por trás do senso comum. 

Um dos muitos sorrisos dados pelo Iceman em 2012

Hoje, 29 de novembro de 2012, eu, Ludmila, estou sim feliz com o retorno de Kimi à F1. E não só pelos pódios, pela vitória, ou pelo terceiro lugar no mundial, mas sim pelo que eu li durante toda a temporada, pelo que vi as pessoas falarem a respeito do Iceman. Eu jamais imaginei que ele voltaria à F1 (estava feliz no WRC) e tinha medo mesmo deste retorno, medo de que tudo poderia ser muito mais cruel do que já havia sido em 2008/2009, por isto, há um ano eu não havia ficado feliz com o anúncio da volta. 

Mas 2012 me deu minha recompensa e deu a Kimi a sua redenção, o reconhecimento do mundo ao seu talento, a sua capacidade de liderança, de inspirar pessoas, de levar uma equipe nas costas, de ser ele mesmo, de ser feliz. E a soma de tudo isto resultou em um terceiro lugar no mundial de pilotos, depois de dois anos fora da F1. 

Para aqueles que nunca acreditaram em Kimi 2012 é a resposta. Para aqueles que ainda não acreditam, só tenho a dizer que sinto muito por vocês. Para os fãs de Räikkönen que ficaram felizes com seu retorno desde 29 de novembro de 2011, meus parabéns, vocês curtiram tudo com mais antecedência. 

E para aqueles poucos como eu que não ficaram felizes quando o anúncio da volta foi feito, mas que foram aprendendo a viver e aceitar a F1 novamente, eu digo, não é fácil ainda acreditar em tudo e todos, mas depois de uma temporada inteira vendo a felicidade estampada no rosto do Iceman, não tem como não ficar alegre por ele. E é assim que me sinto, genuinamente feliz... por ele. 

A verdade é que para mim, o ano de 2012 foi um reaprendizado. Tive que reaprender a aceitar várias coisas que durante 2010 e 2011 eu simplesmente deixei de conviver porque parei de acompanhar a categoria em função da ausência de Kimi. Para mim, naqueles anos F1 perdeu o motivo que me fazia sorrir, chorar, vibrar, sofrer, brigar, e meu coração parou de bater pela categoria. 

Mas como eu disse no começo do texto, o tempo, só ele foi capaz de curar as feridas e fazer meu coração voltar a pulsar pela F1. E ele pulsa como nunca o fez antes, porque o motivo pelo qual ele bate deu à F1 uma lição do que é ser talentoso, irreverente, único e fodástico no que faz. 

Tenho certeza que a F1 ganhou muito mais com a volta de Kimi Räikkönen do que o contrário. Assim como meu coração, que hoje realmente está muito mais feliz do que estava há 365 dias. Obrigada Kimi Räikkönen por fazer com que meu coração voltasse a pulsar pela F1. 
Sábado no GP do Brasil 2012

Beijinhos, Ludy

Comentários

Myn disse…
Lindo o Texto Ludy!
Espero que as coisas andem cada vez para frente, Kimi merece ganhar o seu Bicampeonato em breve, espero que os erros cometidos neste ano sejam a lição para o próximo ano!
Vejo que a Lotus conseguiu se moldar ao jeito Kimi de ser, eles tem potencial e fazem o mais importante: aceitam o Kimi como ele é!
Quanto a volta do Kimi eu tive medo também, por mais que o tempo passe as cicatrizes existem para nos lembrar não é!
Orgulho do tamanho do Rio Grande!!!
\O/
Bjs
Myn
Manu disse…
Estou de acordo completo com tudo escrito nesse texto.
Acho que esse ano vocês estão batendo recordes de textos espetaculares. Ludy, esse texto é perfeitíssimo!

=*

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