Villeneuve e Zonta: anos depois

Há 15 anos, Villeneuve e Zonta brigaram na BAR. Agora dividem carro na Corrida de Duplas da Stock Car

Companheiros de equipe na BAR por dois anos na F1, Jacques Villeneuve e Ricardo Zonta trocaram farpas depois de uma colisão no GP da Alemanha de 2000 — com o canadense fazendo críticas pesadas ao então jovem brasileiro. 15 anos mais tarde, eles garantem: não foi nada demais

Hockenheim, 2000. No dia em que Rubens Barrichello se consagrou ao vencer pela primeira vez na carreira, outro brasileiro viveu momentos bem mais tensos depois da prova: o ainda jovem Ricardo Zonta. 

O paranaense estreou na F1 em 1999 na recém-criada BAR, com o campeão mundial Jacques Villeneuve. O primeiro ano foi complicadíssimo, com uma confiabilidade péssima do carro, e nenhum ponto foi anotado. Em 2000, o cenário mudou, e o time ao menos conseguia brigar no pelotão intermediário.

Era neste grupo que Zonta e Villeneuve brigavam naquele dia 30 de julho. Zonta e Villeneuve colidiram quando o brasileiro tentou ultrapassar o canadense pela sétima posição na 26ª volta do GP da Alemanha. Villeneuve rodou e perdeu terreno. Zonta continuou na prova e chegou a andar em quarto lugar antes de rodar e abandonar no encharcado trecho do ‘Estádio’.

Após a prova, o brasileiro, que não sabia se continuaria na BAR para 2001, foi alvo de duras críticas por parte de Jacques. Ele disse que não tinha muito respeito pelo colega pelo que havia acontecido. “Custou três pontos para a equipe”, lamentou, na época.

Empresário de Villeneuve e chefe da equipe, Craig Pollock também tomou partido. Uma década e meia depois, ambos garantem: não foi nada demais.

Eles são companheiros de equipe novamente, dividindo o carro #10 do paranaense na Stock Car na corrida que abre a temporada 2015 neste fim de semana.

“A gente sempre se deu bem, nunca foi um problema”, diz Villeneuve ao GRANDE PRÊMIO.

“Desentendemos entre aspas”, minimiza Zonta, também ao GP.

“É claro que, como ele tinha uma porcentagem da equipe, chegou em uma dividida de curva em Hockenheim, em questões de corrida mesmo, fiz uma ultrapassagem em cima dele. Ele acabou achando que eu não iria fazer a ultrapassagem, e acabou que os dois saíram”, relata Zonta. “O que aconteceu foi que, depois daquela corrida, o outro piloto achou que deveria pedir permissão para ultrapassar, e não só fazer a qualquer momento.”

Ele pensa, no entanto, que o procedimento durante uma corrida não deve ser assim. “Acredito que é um esporte. Era uma situação de chuva, ele tinha acabado de cometer um pequeno erro na curva anterior, e eu aproveitei. Ele não esperava e a gente se tocou”, acrescenta.

Hoje, Villeneuve minimiza o incidente. “Isso acontece entre muitos pilotos. É claro que você se chateia. Eu fiquei chateado porque era a minha equipe, eu estava tentando levar o time para a frente, e na época eu fiquei frustrado porque a gente bateu roda de forma desnecessária. Mas, ao mesmo tempo, ele estava aprendendo”, lembra.

As dificuldades da BAR 

“Agora é a Mercedes, então foi uma boa equipe que construímos”, salienta Villeneuve.

Sim, a atual campeã mundial da F1 era a BAR entre 1999 e 2005. Era Tyrrell até 1998, foi Honda entre 2006 e 2008, Brawn GP em 2009. Na época, Villeneuve optou por deixar a Williams para se arriscar em um novo projeto no qual tinha participação na sociedade. A aventura, no entanto, não lhe rendeu muitos frutos em termos de resultados na categoria. 

"Era difícil porque era uma nova equipe, um novo carro que quebrava o tempo todo, era difícil trabalhar. E o Ricardo chegou sem experiência na F1, então era apenas a equipe errada para ele. Estávamos todos estressados, e isso criou uma energia negativa. Mas nunca houve um problema ‘social’ entre nós dois”, assegura. 

“O carro era simplesmente frágil, o motor vibrava muito, sempre tinha algo quebrando. Assim não dava para terminar as corridas, toda a temporada foi frustrante. O carro até era rápido, conseguimos andar na frente”, pondera. 

De qualquer forma, ele crê que foi uma experiência válida. “Foi uma boa experiência. Na segunda temporada, fizemos pódios, então estava indo na direção correta. Foi só depois que as políticas começaram, e aí deixou de ser divertido. Política interna. Patrocinadores, donos, e como eu estava envolvido na equipe, isso tirou a diversão. Foi quando os resultados cessaram”, comenta. 

Para Zonta, aquela foi simplesmente a porta de errada entrada na F1 — e uma decisão que também foi um pouco afobada. 

“Hoje em dia, é claro que é fácil olhar para trás e falar alguma coisa, mas na época foi uma oportunidade boa, e também era a ansiedade. Eu tinha contrato com a McLaren, de três anos, acabei quebrando para aceitar essa proposta da BAR na época”, fala. 

“Ele já era campeão mundial de F1, e eu estava chegando em 1999. A experiência dele ajudou muito para que a equipe evoluísse. E era o começo da minha carreira, aprender a fazer tudo na F1. Só que era uma equipe pequena em que o carro quebrava muito, então foi um ano difícil para mim, principalmente para aprender e conseguir fazer milhagem”, admite. 

Na Stock Car, por sua vez, Zonta é o piloto mais experiente, e tudo o que Villeneuve espera fazer é não atrapalhar o colega. “Na F1, você acaba não vendo muito as pessoas. Quatro anos atrás, quando vim fazer a corrida da Stock, falamos bastante. Fizemos Le Mans juntos também. E quando é assim lembramos das coisas boas e esquecemos das ruins. É bem diferente agora, pois ele tem muito mais experiência do que eu neste carro, então é o contrário. Ele está lutando pelo campeonato e eu estou aqui só para tentar ajudar. É uma situação bem diferente”, finaliza. 

Villeneuve, como convidado, disputará metade da corrida que larga neste domingo às 10h30 (de Brasília). A prova terá duração de 50 minutos.

Fonte: Grande Prêmio

Eu não consigo esquecer certas atitudes. Mesmo depois de ler este texto. Mas que bom que as coisas entre eles estão bem então. Para mim, no entanto, nada mudou. 

Lembro-me perfeitamente do episódio de Hockenheim e me lembro mais ainda de tudo de difícil que passei como fã de Jacques nos ano de BAR. Nada na F1 foi tão ruim para mim (como torcedora) como os anos de Villeneuve nesta equipe, nem mesmo o sofrimento que passei com Kimi em 2009 (pelo desrespeito da Ferrari por mandá-lo embora) ou 2014. 

Os anos de BAR foram os piores e ler Jacques relembrando como era o carro me fez voltar no tempo e lembrar todas as corridas largando do fundo do grid, as provas que jamais foram completadas, todo o sofrimento de nadar, nadar e morrer na praia. Sempre!

Mas embora tenha sido um dos meus piores momentos como torcedora e de Jacques em sua carreira (com todo aquele sofrimento), o que culminou em 2003 com a equipe criada por ele o mandando embora (é, parece que eu tenho um tipo!), aprendi muito e me preparei para o que viria a viver como fã de Kimi, anos à frente.

Jacques é e sempre será um cara e um piloto que admirarei. Sempre. Mesmo quando quando ele me deixar irritada com algumas opiniões diferentes das minhas! rsrsrs...

Beiijinhos, Ludy

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