Vettel encerra a temporada com vitória

Chuva não chega, Vettel passeia em Interlagos e iguala marca de 13 vitórias de Schumacher

Em novo passeio, Sebastian Vettel chega ao 13º triunfo na temporada 2013 e iguala marca de Michael Schumacher. No adeus à F1, Mark Webber garantiu o segundo posto, à frente de Fernando Alonso

Com o título assegurado, Sebastian Vettel desembarcou em São Paulo com uma meta clara: fazer seu nome aparecer mais vezes nos livros de história da F1. Contando com uma forcinha da chuva, que perdeu a largada deste domingo (24) e permitiu que a corrida fosse iniciada com pista seca, o germânico buscou Nico Rosberg na primeira volta e assumiu o comando da disputa na abertura do segundo giro.

Como tem feito ao longo das últimas provas, Vettel começou seu passeio pelo parque e nem mesmo um problema no pit-stop – na volta 48 – o tirou da liderança. O germânico foi aos boxes sem que seus mecânicos estivessem prontos para recebê-lo e a parada levou mais tempo que o normal, inclusive com Mark Webber aparecendo para formar fila atrás do companheiro de equipe.

A tão aguardada chuva apareceu pouco depois – na forma de uma garoa fina –, mas o tetracampeão não deixou a água atrapalhar seu piquenique. Buscando um último triunfo antes de se aposentar, Webber aumentou o ritmo e passou a caçar o companheiro pela pista, reduzindo pouco a pouco a vantagem.

Seb tratou de responder e conseguiu controlar a aproximação de Mark, seguindo tranquilo rumo à bandeira quadriculada. Assim, o piloto rubro-taurino igualou a marca estabelecida por Michael Schumacher em 2004, vencendo 13 das 19 provas disputadas nesta temporada. Além disso, o germânico registrou sua nona vitória seguida no ano, ampliando mais ainda a marca que tinha tirado de Alberto Ascari na etapa de Abu Dhabi. 

Aguerrido como sempre, Fernando Alonso fez um bom início de prova, se mantendo no top-3. O asturiano travou um bom e rápido duelo com Webber, mas acabou sucumbindo à força da Red Bull do australiano, que garantiu o segundo posto em São Paulo.

Uma das melhores imagens da corrida também veio pelas mãos de Webber. Ao final da prova, o australiano tirou o capacete e percorreu a pista paulista de cara para o vento, encerrando sua história de 12 anos na elite do automobilismo mundial.

Destaque também para Jenson Button. Vencedor do GP do Brasil de 2012, o britânico conquistou um quarto lugar neste domingo, o melhor resultado da McLaren no ano. Desta forma, Jenson, que completa neste fim de semana seu 247 GP na F1, salvou o time de Woking de registrar sua pior campanha na história, mas não conseguiu evitar o registro de primeira temporada desde 1980 sem pódios para a escuderia prateada.

Apesar da boa forma exibida nos treinos na chuva, Nico Rosberg não conseguiu exibir o mesmo bom desempenho no piso seco, e garantiu o quinto após controlar os avanços de Sergio Pérez, que ficou em sexto.

A última corrida de Felipe Massa pela Ferrari, por sua vez, teve um desenlace melancólico, já que o brasileiro acabou punido por cruzar com as quatro rodas de sua Ferrari a linha branca que separa a entrada dos boxes da reta de Interlagos.

Massa reagiu com muita irritação, mas acabou cumprindo a pena e voltou para a pista na oitava colocação. O brasileiro ainda tentou melhorar sua posição modificando a estratégia de pits, mas não conseguiu nada melhor que o sétimo posto.

A oitava posição ficou com Nico Hülkenberg, que desta vez não conseguiu brilhar no autódromo José Carlos Pace. Lewis Hamilton, que foi punido com um drive-through por causar uma colisão aparece na sequência, à frente de Daniel Ricciardo, que completa o rol dos dez melhores.

Ao fim da corrida, a torcida brasileira pôde comemorar, já que Vettel e Massa ignoraram a mão pesada da FIA (Federação Internacional de Automobilismo) e aproveitaram para fazer zerinhos na frente do público. 

Já no pódio, Webber protagonizou outro momento atípico, já que escorregou e caiu enquanto perseguia Alonso com uma garrafa de nas mãos.

Confira como foi o GP do Brasil de 2013:

Muita gente torcia pela chuva para dar mais emoção para o GP do Brasil e, quem sabe, impedir mais uma vitória em sequência de Sebastian Vettel. A largada aconteceu com pista seca e, dessa vez, não foi só a Red Bull de Mark Webber que tracionou mal na subida da reta dos boxes de Interlagos – a do alemão fez igual.

Pole-position, Vettel perdeu para Nico Rosberg a corrida até a primeira curva, enquanto Webber era ultrapassado por Lewis Hamilton – esse jantou também Fernando Alonso. Quase perdeu, ainda, a quinta posição para Felipe Massa, que largou bem demais e ganhou três posições. Incrivelmente, ninguém bateu no S do Senna. 

Ah, legal, Rosberg passou Vettel e o GP vai ficar mais legal. Ledo engano. O rubrotaurino não estava muito disposto a olhar para a traseira de ninguém. No final da primeira volta, colocou o carro por fora na reta principal e retomou a liderança. Logo atrás, outra Mercedes era ultrapassada: Hamilton perdia para Alonso. 

Alguns minutos bastaram para indicar que as flechas prateadas não tinham um bom ritmo: na sexta volta, Rosberg já era quarto, atrás de Alonso e de Webber. Lembrava até as provas do início do ano, quando o germânico começava na pole e chegava em bagagésimo. Podia essa falta de desempenho ameaçar o vice no Mundial de Construtores? O tempo diria. 

A essa altura, Vettel mal conseguia ver os adversários pelos retrovisores: a vantagem para a Ferrari era de mais de 5s. É... A baixa das primeiras voltas foi Romain Grosjean. O motor Renault da Lotus explodiu e encheu de fumaça a Curva do Café. O susto foi tamanho que os que vinham atrás reduziram drasticamente a velocidade. Nada de mais grave aconteceu. 

Passados alguns instantes de calmaria, as disputas voltaram a se intensificar lá pela volta 10. Webber partiu para o ataque sobre Alonso. Na terceira tentativa seguida no S do Senna, enfim, conseguiu. Hamilton foi mais objetivo e precisou de menos tempo para ganhar o quarto lugar de Rosberg na Reta Oposta. Mais um pouco e Massa fez o mesmo. 

O primeiro pit-stop foi de Jean-Éric Vergne, na 10ª volta, mas os ponteiros começaram a parar só na 19ª, quando Massa foi aos boxes e trocou um jogo de pneus médios por outro. Alonso, dois giros mais tarde, revelou estar em uma estratégia diferente ao trocar pneus médios por duros. Uma volta mais e lá foi Hamilton, que calçou duros. Acabou perdendo a posição para Massa, que andou bem rápido depois do pit. Rosberg, Webber e Button pararam nas voltas 23, 24 e 25 e colocaram, respectivamente, pneus duros, médios e médios. 

O pelotão estava em fila novamente e nessa ordem: Vettel, Alonso, Webber, Massa e Hamilton. Em sexto, um surpreendente Button, que largou com compostos duros e foi de 14º a sétimo nas voltas iniciais e parou até que cedo, logo depois de Massa, e voltou à pista à frente de Rosberg – agora sétimo. "Melhor ficar de olho nele", pensamos todos. 

Com um ritmo de corrida melhor, Webber compensou na pista a tática de boxes e recuperou a segunda posição. 

Falando em ritmo, subitamente, o da Mercedes de Hamilton melhorou após a parada. Em algumas voltas, e o inglês se reaproximou da Ferrari de Massa para brigar novamente pela quarta colocação. 

Reparem, leitores, que falamos pouco de Vettel. Pois é: na volta 29, a diferença entre ele e o colega australiano da Red Bull era de 10s1. Foi quando Webber fez a melhor volta da prova, 1min16s774. Dali em diante, a diferença cresceu novamente. 

Antes de Hamilton passar Massa, veio a ordem da direção de prova para que o brasileiro abrisse caminho. A razão: ele passou com as quatro rodas por dentro da linha branca da entrada dos boxes ao se defender da Mercedes. Um dos erros mais imperdoáveis da F1 atual: desrespeitou os limites da pista. Drive-through recebido aos berros. “Inacreditável, inacreditável, inaceitável”, bradou. Depois de pegar o lanche, a batata e o refrigerante, ficou na oitava posição, atrás de Sérgio Pérez, até o fim da prova. Massa serviu de boi de piranha: as demais equipes avisaram seus respectivos pilotos para ficarem longe da linha. 

E aquela chuva esperta que caiu na sexta e caiu no sábado, cadê? 

Caía um pingo aqui, outro pingo ali, algumas câmeras tinham gotas nas lentes, e nada. Até a volta 43. 

Christian Horner saiu do pit-wall e olhou para o alto. “Oh, céus, está tão bom assim”, deve ter pensado o chefe da Red Bull, que via seus pilotos formando uma dobradinha. Ao mesmo tempo, o rádio recuperado do carro de Hülkenberg revelou a conversa do alemão com a equipe Sauber: “Senti alguns pingos.” E o radar metereológico tratou de avisar: ela está vindo. 

O problema é que não dava para esperar muito tempo: os pneus estavam começando a ficar gastos. Button e Massa pararam e continuaram com slicks. Vettel tentava se segurar com os pneus médios e inclusive foi ultrapassado por dois retardatários. Bottas, também retardatário, tentou passar Hamilton no fim da Reta Oposta. O inglês acabou tocando de leve na Williams, roda traseira com roda traseira, e lá se foi o finlandês para a área de escape, sem pneu. E lá se foi o inglês, lentamente, voltar para os boxes sem pneu. 

O toque foi tão sutil que Hamilton, quando avisado pelo rádio sobre o drive-through que lhe aplicado pelos comissários – cumprido na volta 52 –, perguntou: “O que aconteceu?” Veja o replay depois, amigo. 

Até a TV mostrar que houve um toque e não um estouro de pneu, Vettel não quis nem saber. Foi para os boxes sem a Red Bull estar preparada para o pit-stop. Alonso e Webber também – sem problemas, contudo. Todos permaneceram com slicks, e a diferença do primeiro para o segundo caiu pela metade. 

Começou a chover. Ou quase isso. 

Os pingos finos e dispersos ganharam alguma intensidade – o termo ‘garoazinha marota’ define bem –, e a pista foi ficando, aos poucos, lisa. Ainda não era o bastante, porém, para se mudar para pneus intermediários. 

Em quarto, Button, bom de chuva que é, torcia pela chuva para ter a chance de tirar os mais de 20s de diferença que existiam entre ele e Alonso para tentar evitar a primeira temporada sem pódios da McLaren desde 1980. Só que era uma contagem regressiva. 

Já que a chuva não colaborava, Charles Pic tratou de provocar alguma comicidade ao término de um GP do Brasil abaixo da média em termos de emoção. A suspensão da Caterham quebrou na Curva do Lago, e o francês estacionou o carro na área de escape do Laranjinha – na subida. E para empurrar a bagaça? O carro acabou foi rolando morro abaixo, e os fiscais tiveram trabalho para segurá-lo – Pic ajudou. 

E Jean-Éric Vergne e Pastor Maldonado também acabaram se enroscando no finalzinho. O venezuelano não deu espaço para o gaulês no S do Senna e o toque foi inevitável. Vergne continuou em 15º, Maldonado perdeu 13s. 

A ‘garoazinha marota’ se manteve até o fim, e Vettel cruzou a linha de chegada com uma vantagem confortável para Webber, vencendo pela nona vez seguida no Mundial de F1 e pela 13ª vez em 2013. Claro que fez os zerinhos na reta dos boxes para comemorar. Webber se despediu da F1 em segundo lugar, fechando a temporada em terceiro no campeonato de Pilotos, e Alonso completou o pódio. 

Para guardar bem o momento, Webber quis sentir a velocidade de um carro da categoria de um jeito que nunca antes havia sentido: tirou o capacete na volta de desaceleração. É uma imagem que ficará marcada, sem dúvida alguma. 

Button foi quarto, ao menos, salvando a McLaren da pior temporada de sua história, e Rosberg, que liderou a primeira volta, foi quinto. Pérez e Massa seguiram, com Nico Hülkenberg, Lewis Hamilton e Daniel Ricciardo somando os últimos pontos do ano. 

Assim terminou o campeonato que colocou Vettel lado a lado com os grandes do automobilismo mundial, bem como a Red Bull. Não foi com disputas emocionantes, mas algumas histórias interessantes foram contadas nesses últimos dias em Interlagos: o recorde do alemão e as despedidas de Massa da Ferrari e de Webber da F1.

Fonte: Grande Prêmio

Resumo da corrida por mim: nona vitória seguida de Vettel no Mundial, despedida de Webber da F1, um frio chatinho em Interlagos e a insuportável mania da imprensa nacional em fazer da saída de Felipe da Ferrari quase um clima de velório.

Beijinhos, Ludy

Comentários

Bia disse…
Senti um cheiro de sabotagem naquele pit stop.
Carina disse…
Tb senti Bia!
E quase morri vendo o Webber no final... rs

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