Mais uma coluna

O garoto é bom
por Fábio Seixas

Não vou lembrar o nome do hotel. Mas fica em Manama, praticamente a única cidade do Bahrein. E tem um bar.

Também não lembrava da data, mas isso foi fácil de consultar: 12 de março de 2006.

O que não esqueço é que naquele fim de tarde, no tal bar do tal hotel, um campeão da F-1, de bigode farto e barriga acentuada, bebia com gosto. Comemorava, feliz da vida, repleto de orgulho.

Com toda a razão.

Horas antes, seu filho, de apenas 20 anos, havia feito seu primeiro GP. Saindo de 12º no grid, terminou na zona de pontos, em sétimo. E ainda cravou a melhor volta.

“O garoto é bom,o garoto é bom”, repetia Keke Rosberg, pagando drinques a quem se aproximasse do balcão.

Não era discurso de mãe de miss. Mas só agora o mundo começa a se render.

Nascido na Alemanha mas criado em Mônaco, o garoto de Keke cumpriu com cuidado o passo-a- -passo até a F-1.

Ganhou a F-BMW em 2002, fez dois anos de F-3 e, em 2005, tornou- -se o primeiro campeão da GP2 numa temporada que tinha pilotos à época mais badalados, como Nelsinho, Prémat e Speed.

E se é verdade que estreou na Williams com ajuda de Ecclestone, que queria valorizar sua nova categoria- -escola, também é que só se firmou na F-1 porque mostrou serviço.

No ano de estreia ficou em 17º no Mundial, mas só três posições atrás do companheiro, Webber –então em sua quinta temporada na F-1.

De lá para cá, nunca mais terminou um campeonato atrás do companheiro.

Menção honrosa aos três últimos, em que dividiu os boxes prateados da Mercedes com um certo Schumacher.

O que a F-1 enxergou como copo meio vazio (“o velho campeão está acabado”) neste 2013 salta aos olhos como o copo meio cheio (“O garoto é bom”, já dizia Keke.)

E isso acontece porque, agora, ele mede forças com uma estrela no auge da forma e da fama: Hamilton.

Um duelo bonito de ver.

Em seis GPs, Nico conseguiu três poles e uma vitória. Hamilton largou na pole apenas uma vez, ainda não venceu, mas soma 15 pontos a mais no campeonato por conta da maior regularidade.

Nico não faz pirotecnias dentro e fora das pistas, não dá declarações polêmicas. E talvez tenha sofrido por uma “culpa” que não é dele, uma desconfiança coletiva por ser filho de um dos campeões mais chochos da história.

Mas pouco a pouco vem conquistando respeito.

Sete anos depois, acho que no tal bar do tal hotel Keke foi até modesto demais.

Noves fora o bom duelo interno, a Mercedes deve dançar no Tribunal da FIA. O delito é tão óbvio e flagrante que fico curioso para ver a tentativa defesa.

Fonte: Blog Fábio Seixas e Folha de S. Paulo

Ontem foi  o Victor Martins, do Grande Prêmio, hoje o Fábio Seixas e me pergunto quem será o próximo a escrever colunas elogiosas. Não que Nico não mereça. Elas estão até atrasadas, se me permitem dizer. Esse é um bom o momento, é normal estar em pauta. 

Mas, gente, era só ter me perguntado. Eu sei disso tudo desde 2005. Quem viu o finalzinho da GP2 de 2005 viu claramente que o molequinho tinha potencial e estudando um pouco o história, via que tinha feito até então uma carreira bem estruturadinha e competente. Keke, ao contrário de Nelson Piquet (só para pegar um exemplo contemporâneo) montou para Nico equipe, a team Rosberg, mas fez questão que depois de um tempo, ele tivesse patrão a partir do segundo ano da F3. 

Claro que a F1 pode pirar a pessoa e tudo subir a cabeça - e muitas vezes acontece, nós bem sabemos - e não foi isos que aconteceu. os carros ruins e as dificuldades parecem que fizeram o moleque trabalhar mais e mais e sempre no estilo germânico colono imigrante, de cabeça baixa e sem reclamar. Está aí o resultado. Posso me abraçar no Keke no bar e levantar minha plaquinha de já sabia, agora?

Ah! Nico, querido, antes que eu esqueça, o que tu está achando disso tudo?´Alguma novidade?

By Lu

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