Iceman's Club: "Naquele domingo em Abu Dhabi 2012..." by Manu
Oi gente!!! Dando continuidade ao especial do Iceman's Club que começamos ontem, segue a participação de uma veterana, a Emanuelle, a famosa Manu. :)
Iceman's Club: "Naquele domingo em Abu Dhabi 2012..." by Manu
Sem nenhuma pretensão, acordei no domingo dia 4 de novembro de 2012 apenas com a intenção de mais tarde assistir a uma corrida de F1. Não uma simples corrida. Era a tal etapa em Abu Dhabi, com brilho, parque e estrutura digna de Disneylândia, só que sem os personagens. (Há quem possa encontrar um ou dois “patetas” por ali, mas aí é outro assunto...)
Conselho de mãe é uma coisa engraçada. Fazendo o almoço, a minha perguntou se finalmente eu beberia a Ice que estava na geladeira esperando a ocasião necessária: comemoração de Kimi no alto do pódio. Minha mãe colocou a tal garrafa para gelar em Spa e desde então ela pergunta: “e aí, é hoje?”. Eis então que a pergunta surgiu novamente e com pouca empolgação respondi: “não sei, dessa pista não espero nada”.
De fato, quem me conhece sabe, que detesto Abu Dhabi. Por razões óbvias. A mais racional é que é uma pista que garante poucas emoções, para quem assiste principalmente. A segunda razão mais emocional refere-se exatamente ao ano de estréia, 2009, cuja corrida deixou pelo menos 99% dos fãs de Kimi Räikkönen com o coração na mão.
Aquele fatídico abandono da corrida e a real manifestação de desânimo e tristeza de Kimi não foram (mesmo!) as melhores impressões da primeira vez em solos árabes. A reação do Homem de Gelo era o reflexo de todo um ano pesado. Ruim para ele, ruim para quem se importou.
Eu posso ter sido radical, mas não consegui nutrir nenhuma simpatia com a pista depois disso. Algumas coisas deixam marcas, e por mais dramático que isso possa parecer, é a verdade.
Com o tempo, a ferida foi curada, mas restaram cicatrizes. Dois anos longe de toda a pressão negativa e desmedida da F1 seria necessária para uma espécie de libertação. Nada mais razoável que virar a página de um capítulo ruim e buscar forças para seguir escrevendo a história.
Eis que 2012 então algo era o título do novo capítulo, (e algo que por mim não aconteceria): Kimi retornaria a F1. Por mais positiva que eu fosse, nem nos mais cândidos sonhos, imaginaria que Kimi retornasse então, da forma que se encontra.
Baseando em números antes de Abu Dhabi Kimi tinha 17 corridas completadas, 16 pontuadas, um décimo quarto no GP chinês, que era então o único sem pontos. Especificamente, peço a atenção para os pódios: três em segundo e três em terceiro.
Somando 173 pontos ele se mantinha em terceiro lugar no campeonato desde a etapa em Monza, ou seja, por cinco corridas esteve em terceiro, atrás somente dos grandes Sebastian Vettel e Fernando Alonso. O que faltava para tudo ser mais interessante que antes? Vencer!
Insistentemente, sempre próximo a conquistar, era tudo uma questão de tempo e embora não fosse o E20 o carro mais confiável no mundo, a peça fundamental entre o cockpit e o volante queria vencer e lutaria por isso. E era exatamente isso que nos empurrava para confiar que logo aconteceria. Tinha que acontecer.
Mas próximo às 11 da manhã daquele domingo eu respondi desanimada para minha mãe que não esperava de Abu Dhabi muita coisa. Se me perguntassem de novo; se era lá o cenário ideal para Kimi vencer, eu diria certamente que não. E sabem... Ainda bem que “queimei a língua”!
A largada é sempre um momento de muita adrenalina para mim, que nem próximo ao carro estou. Assim que vi o carro preto e dourado sair da quarta posição para segunda, eu já fiquei satisfeita: uma - pela grande manobra; e duas - porque a narração dizia que aquele carinha ali não era bom de largadas! Oooh! Foi uma resposta muito bem dada a pessoas do tipo que não acredita no potencial das daqueles que gostam de atacar gratuitamente só porque não vão com a cara delas. Cuidado com o que se diz é o que sempre penso. O ser humano deveria vir com filtro, caso contrário, pagaria pelos erros que dissesse.
Eis que Kimi deixava o meu domingo com recheio de orgulho, como tinha sido em boa parte das etapas deste ano, e estava apenas atrás do Hamilton, que poderia em algum momento perder aquela posição, caso Kimi buscasse a investida.
Satisfeita, a corrida não estava a maior maravilha, mas tinha lapsos de bons momentos e alguns emocionantes. Mas o melhor, que me faria levantar do sofá e agarrar almofadas foi quando Hamilton foi parando o carro e abandonando a corrida. A sensação era boa e a euforia, por mais que fosse mantida em controle eu tinha certeza, que estava prestes a transbordar na hora do pódio.
Quem diria que era naquela pista seria o triunfo de Kimi esse ano? Em 2009 a minha vontade era de correr para um lugar escondido e me martirizar, e três anos depois a minha nova vontade era correr para o mesmo lugar e vibrar conforme eu esperava já fazia alguns dias. Não poderia ser melhor a sensação.
Se como um filme, em 2009, Abu Dhabi marcava em imagens, o sofrimento que foi aquele campeonato; em 2012, as imagens agiram da mesma forma, só que em pleno oposto. O contraste de um ano para o outro foi perfeito em termos de tempo e espaço iguais, como uma bela história contada. O capítulo da história tinha chagado ao seu ápice!
Toda a minha razão naquele pódio se foi, dando lugar a sentimentos sem iguais: emoção, felicidade, conforto e acima de tudo, orgulho.
Orgulho de torcer por Kimi. Afinal, por mais angustiante que a idéia do retorno soava, eu confiava que ele - conforme o próprio disse no rádio para seu engenheiro nesta mesma corrida - sabia o que estava fazendo.
Como um ciclo, ele fechava todas as lacunas de dúvida que pairavam sobre sua saída da categoria, seu retorno e todas as opiniões mal formuladas a seu respeito poderiam ser jogadas efetivamente no lixo, sem planos de volta. Embora ainda muita coisa péssima será dita sobre ele - como se alguns pontos de personalidade e comportamento fossem necessárias para dirigir um carro de corrida - por mim não há mais nada que coloque em dúvida a determinação e o profissionalismo de Kimi. Sinto cada vez (e mais uma vez) muito honrada em torcer por Kimi Räikkönen todos esses anos.
♫ Once I had a dream
And this is it
Once there was a child's dream
One night the clock struck twelve
The window open wide
Once there was a child's heart
The age I learned to fly
And took a step outside
Once I knew all the tales
It's time to turn back time
Follow the pale moonlight
Once I wished for this night
Faith brought me here
It's time to cut the rope and fly... ♫
********
Manu, entendo perfeitamente seus medos e ansiedades. E a história da Ice... sei como é!!! Demorou tanto para chegar a vitória que quando ela finalmente veio, e não estava em Cuiabá (onde tinha minha prontinha na geladeira), e sim na casa dos meus pais, no interior. Daí meu pai me salvou e comprou a minha para celebrar!!!! :)
E o último parágrafo do seu texto foi perfeito! :) Sem contar é claro, com Nightwish... #amo
Muito obrigada mais uma vez por atender um pedido meu! Agora estamos com as baterias recarregadas né?! :)
Beijinhos, Ludy


Comentários
Agora que vi o texto grande que fiz: extrapolei! ^^
Ludy é sempre ótimo participar dos projetos do IC, agradeço sempre a oportunidade e sim de fato, as baterias estão mais do que carregadas e prontinhas para outra, sem sombra de dúvida.
Obrigadão!
=*
Fico sinceramente comovida ao perceber que não sou só eu que consigo me sensibilizar com esse esporte, perceber as nuances singelas que ele transmite sobre o comportamento humano.
Quanto a Manu, garota, tenho que te dizer!
Sua criatividade, seu humor e sua oratória são invejáveis! (Invejinha boa, viu?)
Ficou muito legal o seu texto. Prende a gente do começo ao fim.
Brilhante!
Talita Regis
Bjus, Paula.
E sim, famosa Manu!!! :)
Fico feliz que você goste Talita, de verdade. Eu adoro estes octetes, e vou defendê-los até o dia que não der mais! :)
bjs
Ludy
Obrigadão tbm Paula e Samy! Fico feliz em saber que gostaram tanto do texto.
E Ludy, baterias recarregadas sempre, claro! Vc principalmente hehehehe...
=*
E só pra constar, queria saber escrever assim!
Mas inevitavelmente, eu tendo a ser uma "palhacinha", então...
U.U
#Inveja!
Talita Regis