Semana Kimi Räikkönen 2012 - "10 temporadas depois, o que mudou?" by Mirella

Texto: “10 temporadas depois, o que mudou?” by Mirella

Eu conheci F1 ainda criança, e sem entender absolutamente nada, apenas por ser a programação na TV da família nos domingos de manhã. Pela minha idade, não vivi os anos de “F1 paixão nacional” proporcionados por Senna. Recordo-me apenas de lembrar-me de um sujeito com nome complicado que frequentemente andava em primeiro – Mika Häkkinen. 

Os anos passaram e meu interesse permaneceu hibernando, até que vi um jovem loirinho no pódio. Não tenho muito orgulho de comentar, porém a beleza do rapaz foi que me chamou a atenção (só tinha 14 anos, desculpe!). 

Durante muito tempo não tive acesso à internet, o que impossibilitava um conhecimento fora do que era apresentado pela emissora oficial, ou seja, eu não sabia nada. Infelizmente não consegui acompanhar, à época, o trânsito entre Sauber e McLaren. Foi doído, alguns anos depois, assistir aos GP que já sabia que ele abandonaria e torcer mesmo assim. O campeonato que ainda não viria, mas sentir o coração bater ante a descrição das corridas. Já saber para onde a história rumaria, mas se encantar com cada curva intensamente. 

Pude por fim a este “jetlag” naquela nova fase de F1. Os anos Ferrari. 

Enquanto corria atrás de saber mais sobre o piloto que acompanhei por curiosidade, entre 2005 e 2006, um novo mundo se abriu. Simultâneo ao campeonato movimentado que McLaren e Ferrari produziam, conheci o pedacinho da vida deste piloto que ele permitiu. Passei a rir das tiradas sarcásticas e secas. A admirar sua pilotagem limpa, segura, competente. Agradeço a 2007 por poder conhecer Kimi, torcer por ele e vibrar. Gritar naquela tarde de domingo enquanto o inimaginável acontecia. Eu, recém-fã daquele piloto, vivi a conquista do WDC, enfim. 

Entretanto, para ser honesta, tudo foi cimentado entre 2008 e 2009. Sim. Do céu ao inferno. Ali compreendi o que era F1. Ali compreendi também quem era ele. Como funcionava e o afetava. Senti na carne. Sentimos, acho. Injustiça, abuso, falta de vergonha, falta de reconhecimento. Mas também orgulho. E em nenhum momento foi possível deixar de defendê-lo. De torcer, de vibrar, de admirar. A torcer que fosse para o rally, longe do circo. E que, apesar de ser muito difícil poder acompanhar esta etapa, desejar que fosse muito feliz. Aquilo lá não o merecia. Que fosse embora para continuar a ser Kimi Räikkönen. 

Quando ouvi de seu retorno confirmado, na Lotus, não fiquei feliz. Temi muito. Havia lido as diversas especulações com a Williams, internamente rejeitando todas. Não queria ver onde aquilo ia parar. Queria evitar tudo aquilo de 2009. Mas veio 2012. 

Ainda não sei o que pensar de 2012. Pessoalmente, o sabor é um pouco amargo. Não sei fazer análises mirabolantes. Tudo que sei é o que sinto. Tudo o que sinto é o que sei: seu lugar está lhe esperando, Kimi. O lugar do meio, o mais alto do pódio. 

O que mudou em uma década? Tantas coisas. Aprendi a respeitá-lo, a (tentar) entendê-lo. Mas, principalmente (e peço desculpas pela pieguice): você me mudou, Kimi. Obrigada. 

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IceKisses, Ludy