Diploma para quê?

Vou usar meu blog para fazer um pequeno depoimento sobre uma situação que simplesmente é inacreditável para mim. Ontem o Supremo Tribunal Federal (STF) derrubou a exigência do diploma de jornalista. Leiam aqui.

Ou seja, 8 pessoas decidiram pelo destino de 80 mil profissionais. Com esta decisão absurda, eu, Ludmila posso pegar o meu diploma, conquistado com muito estudo, sacrifícios e um ideal e rasgar, jogar no lixo, porque ele não vale mais nada.

Imaginem vocês o que é ver alguém falar isto de sua profissão: "A profissão não depende de um conhecimento técnico específico. A profissão de jornalista é desprovida de técnicas. É uma profissão intelectual ligada ao ramo do conhecimento humano, ligado ao domínio da linguagem, procedimentos vastos do campo do conhecimento humano, como o compromisso com a informação, a curiosidade. A obtenção dessas medidas não ocorre nos bancos de uma faculdade de jornalismo." (quem falou esta frase vocês descobrem aqui).

Estou simplesmente revoltada e inconformada com esta situação. Não consigo acreditar que o meu trabalho desde ontem já não vale mais nada, porque a minha profissão não serve para mais nada.

Encerro meu post com um trecho do texto publicado hoje pela FENAJ (Federação Nacional dos Jornalistas):

O voto do STF humilha a memória de gerações de jornalistas profissionais e, irresponsavelmente, revoga uma conquista social de mais de 40 anos. Em sua lamentável manifestação, Gilmar Mendes defende transferir exclusivamente aos patrões a condição de definir critérios de acesso à profissão. Desrespeitosamente, joga por terra a tradição ocidental que consolidou a formação de profissionais que prestam relevantes serviços sociais por meio de um curso superior.

O presidente-relator e os demais magistrados, de modo geral, demonstraram não ter conhecimento suficiente para tomar decisão de tamanha repercussão social. Sem saber o que é o jornalismo, mais uma vez – como fizeram no julgamento da Lei de Imprensa – confundiram liberdade de expressão e de imprensa e direito de opinião com o exercício de uma atividade profissional especializada, que exige sólidos conhecimentos teóricos e técnicos, além de formação humana e ética.

Quem quiser ler o texto completo o link é este.

Eu encerro por aqui, não tenho mais nada para falar.

Beijinhos, Ludmila

Comentários

Unknown disse…
Ludy,
Essa decisão do STF foi uma das mais absurdas e retrógradas da hisória desse país, como diria nosso presidente. Dizer que a profissão de jornalista não precisa de "especialização" é impensável, afinal de contas, a função social do jornalista nessa sociedade extremamente midiática em que nos vivemos é inegável. Lamentável a mentalidade desses senhores, que como vc disse, jogam no lixo anos de estudos e esforços dos milhares de jornalistas e estudantes universitários do Brasil. Se a mídia, de todos os tipos, já é tão problemática por aqui com profissionais que se dedicaram, no mínimo, por 4 anos ao oficio do jornalismo, imaginem agora. Eu temo pelo quadro que poderá se formar depois dessa medida. Que tipo de critérios serão utilizados a partir de agora para a contratação de um jornalista, alguem que poderá falar a milhares de pessoas e que sem duvida é um formador de opinião?
Eu, como pretensa historiadora que sou, sei bem o que é esse tipo de situação, já que o oficio de historiador tb não é legalizado nesse país, nós somos vistos pela maioria como apenas professores de história.

Depois desse tipo de coisa, eu me pergunto: onde é que esse país vai chegar?

Indignação é pouco pra isso.
Carolina C. disse…
Ludy,

ontem quando eu li a notícia levei o maior susto. Eu não sabia que estava transitando esse projeto no Supremo Tribunal Federal. Uma vergonha! Eu imagino não só a sua revolta, mas a da categoria como um todo. Eu quero saber qual será o futuro do curso de Comunicação social/jornalismo. Para que então ter um curso superior de jornalismo se não vale para nada? Espero que a decisão seja revista.
Pois é meninas, um país que toma este tipo de atitude não pode ser levado a sério!

Fátima, o Brasil é um país que esquece sua História frequentemente, por isso estamos onde estamos!

Carol, infelizmente a decisão é final!! Curso superior será só enfeite para jornalista a partir de agora!

bjs queridas

Ludy
Biba disse…
nessas horas q eu penso, pq raios meus bisavós saíram, da Itália e Portugal e vieram para nesse raio de país...
não pelo país eu si mas por seus governantes, e as merdas q fazem essas leis...
Lud vc bem sabe q não só jornalismos sofre com isso né... minha categoria tb sofre mto... enfim, além da area publicitária eu tenho q lidar com o fato do pedagogo dar aula de música pra alunos de primeira a quarta série nas escolas, enfim, esse tipo de coisa q fazem parte da nossa maravilhosa lei
Silviane IC disse…
Minha turma de Jornalismo ficou em "polvorosa" por causa dessa decisão!! Está certo que as empresas continuaram a exigir diploma e também existem ótimos jornalistas "sem diploma", mas agora a bagunça tá liberada. Moro no interior, o curso de jornalismo aqui ainda é algo novo e acreditem já existe um certo "preconceito" em relação oas estudantes e jornalistas formados. Os "poderosos" e não-formados da mídia local estão comemorando nessa hora, inclusive usando o rádio (q é mto forte aqui)para fazer isso. Quem perde somos nós que pagamos uma "nota" para fazer faculdade!!
Nelson disse…
Ridículo, essa decisão é totalmente inaceitável, mesmo não tendo nada a ver com jornalismo, eu compartilho o sentimento de revolta e indiginação.

Uma decisão como essa pode causar diversos efeitos ruins na vida dos jornalistas, afinal, qualquer um pode se dizer jornalista a partir de agora, isso simplesmente não está certo, teremos consequências terríveis na formação (já deteriorada) de nossas novas gerações, uma vez que isso só colabora para aumentar a desinformação e alienação das pessoas, há tantas consequências trágicas nesta decisão que eu poderia dissertar por horas exemplificando a infelicidade dessa decisão... tem hora em que simplesmente não dá para acreditar em certas coisas que acontecem nesse país, essa é uma delas.

Uma pena que o poder de uma decisão como essa esteja em mãos que ajam de maneira tão ridícula, sem fazer algum tipo de análise antes de tomá-las (ou até faz, mas toma as decisões com interesses discutíves...).
Com certeza Nelson...é simplesmente revoltante e nos deixa de mãos atadas. É desanimador esperar seriedade dos nossos poderosos.

bjs, Ludy

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